O termo “Atleta Tático” é pouco difundido aqui no Brasil. Na gringa, esse termo (Tactical Athlete) é utilizado para se referir à policiais, soldados, bombeiros, socorristas, etc. Esse tipo de população tem necessidades físicas muito abrangentes e específicas, e é sobre isso que quero falar aqui hoje. Enquanto um esportista precisa ser melhor em determinadas capacidades físicas do que outras, o atleta tático precisa ser “bom” em todas, pois a vida dele e de outras pessoas depende disso.
Força funcional e condicionamento físico
O atleta tático que se dedica à sua profissão, deve treinar para além dos objetivos estéticos. Enquanto é perfeitamente possível ter um “shape” foda treinando dessa forma, o atleta tático vai buscar treinar movimentos e capacidades físicas, como força, mobilidade/flexibilidade, potência, velocidade e resistência. O abdômen tanquinho vem de brinde a um sujeito bem condicionado e que preza pela saúde.
Imagine um policial que persegue um suspeito a pé. Ele precisa ter velocidade na corrida, precisa ser ágil para desviar e sobrepor obstáculos. Uma vez que o alcança, precisa ter força e explosão pra subjugá-lo em um combate corpo a corpo e imobilizá-lo. Tudo isso, sem perder o “gás”, sem ficar sem ar e sem sofrer lesões.
Outra situação? Imagine um bombeiro que precisa efetuar um resgate em uma casa em chamas. Ele entra em cena com o peso de seu equipamento de proteção, cilindro de oxigênio e ferramentas. Efetua o procedimento e muitas vezes volta carregando a vitima em seus braços. Pense o quanto de força ele precisa ter em membros superiores, inferiores e no tronco (core).
Agora, como pensar em um treinamento para esse tipo de população? Darei um breve ponto de vista…
Barras, anilhas, halteres, kettlebell e máquinas
Com isso se constrói a base da força. Bastante foco em força e em exercícios básicos. Agachamento, supino, terra, desenvolvimento, remadas, agachamentos unilaterais e todas as suas variações são bem vindas. A partir da força que se constrói com isso, que se transfere para outros exercícios e implementos.
O número de repetições é variado. Pode partir de 1-5 repetições para treinos de força, 6-12 para força, hipertrofia e explosão, e 12+ reps para resistência de força.
Carregar
Variação nos exercícios de carregar, usando barras, sacos de areia, kettlebells/halteres, pedras, mochilas. Basicamente o leque de opções é bem grande.
Alguns movimentos: caminhada do fazendeiro (farmer’s walk), caminhar com saco de areia na frente do corpo (sandbag carry), caminhar com saco de areia no ombro (sandbag shoulder carry), simular o carregamento de saco de areia (sandbag load), carregamento zercher e vários outros, caminhar com mochila ou colete com pesos (ruck). O importante é carregar algum peso por determinado tempo/distância.
Calistenia
Muitos exercícios com o peso corporal. Flexão de braços (push ups) e barra fixa (pull ups) são os principais, mas se pode ir longe: muscle up, paralelas, remadas invertidas. Variações de abdominais, variações de pegadas na barra fixa e flexão de braços. Movimentos para membros inferiores: agachamento, agachamentos unilaterais.
Cordas, pneus, marretas, caixas, trenós…
As opções são infinitas aqui. Vários materiais podem ser utilizados para treinar o condicionamento físico.
De subida em cordas à tombamento de pneu. Puxar/empurrar trenó. Saltos em caixas, arremessos de medicine ball e de sacos de areia, as opções para pliometria são vastas.
Talvez essa seria parte mais “divertida” do treino?
Resistência
As práticas mais comuns são corrida e natação. Inclusive, corrida e/ou natação estão presentes em diversos Testes de Aptidão Física (TAF), então não é de se estranhar que seja a base para a construção de resistência. Outra modalidade, bastante comum aos militares do exército é o rucking, que nada mais é do que o deslocamento de determinada distância utilizando uma mochila com pesos.
Outras práticas bem vindas seriam o ciclismo, que apesar de não ser específico, ajuda a aumentar o condicionamento cardiorrespiratório sem agredir as articulações, e da mesma forma remo/canoagem/caiaque. Também podemos citar hiking e trekking, que seria a prática de caminhar em trilhas e montanhas. Essa modalidade até pode ser específica, dependendo do grupo tático.
Palavras finais
Hoje apenas arranhei na superfície desse assunto. Ainda quero trazer diversos assuntos para discutirmos sobre os “atletas táticos”. Então, hoje eu quis apenas introduzir o tema e demonstrar o quanto o treinamento desse tipo de população é rico em detalhes e especificidades.
O tema requer bastante estudo, pois a rotina de treinos tem que encaixar com a rotina e escala de trabalho. Também há a questão de periodização, para não deixar o estresse acumular, uma vez que este já é um grupo de pessoas que já sofrem bastante estresse pelas demandas psicológicas e fisiológicas da profissão. Mas enfim, isso é conversa para outro post.
Fiquem a vontade para deixar dúvidas, críticas e sugestões nos comentários abaixo.
Vejo vocês no próximo post!
Valeu 💪
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